O dia que Silvio Santos chorou após o SBT bater a Globo

(Foto: Divulgação) Há exatos 15 anos, estreava no SBT um programa que confinava 12 celebridades em uma casa em São Paulo. Assim nascia o reality “A Casa dos Artistas”. Apresentado por Silvio Santos, o programa conquistou o público e chegou a marcar incríveis 50 pontos de audiência. Um dos maiores números já atingidos pelo SBT em toda a sua história. Quem não se lembra da maquiagem borrada de Bárbara Paz, do single Japa Girl de Supla ou até mesmo dos incansáveis choros de Mari Alexandre? Esses foram só alguns dos participantes que marcaram a “Casa”. A primeira temporada durou sete semanas e foi gravada em um imóvel colado à mansão de Silvio Santos no Morumbi, bairro nobre de São Paulo, com 33 câmeras e 35 microfones. Os competidores descobriram que foram vizinhos do apresentador somente após o programa. Aliás, eles nem desconfiaram que ficariam presos em uma residência. “Nunca imaginei que a casa fosse um estúdio, essa coisa de reality não existia no Brasil. Fui realmente a cobaia, porque nem assistia muita televisão, não tinha tempo”, lembra Bárbara. Já Supla consolidou sua carreira como músico. O roqueiro, que ficou em segundo lugar, confessa que se surpreendeu por ir tão longe. “Imaginava que iria sair na primeira semana. O reality foi muito bom para as pessoas me conhecerem. Antes, elas achavam que eu era louco e batia a cabeça na parede o dia inteiro”, brinca supla, que chegou a vender um milhão de discos após sua participação no programa. Grande nome da primeira edição do programa, Alexandre Frota é outro que não guarda arrependimentos.”Fui sincero sem ficar no muro. Atravessei todo o programa sempre sendo verdadeiro. O público se identificou muito comigo e eu sei exatamente o tamanho da minha responsabilidade para o sucesso da ‘Casa dos Artistas’. Serei eternamente grato ao SBT e ao Silvio Santos pela oportunidade de brilhar na casa. Fui 100% emoção e me diverti muito. Não me arrependo de nada”, afirma. “Casa dos Artistas” liderou a audiência desde a estreia, que começou pré-gravada para dar tempo de os competidores irem do SBT, em Osasco, ao Morumbi. “Lembro de ir ao camarim e falar: ‘Silvio, batemos o Fantástico’. Ele ficou muito feliz e impressionado. No segundo bloco, Silvio estava mais radiante”, revela Rodrigo Carelli, diretor do programa. Na final, com a vitória de Bárbara Paz, a “Casa” teve média de 47 pontos e pico de 55 no Ibope da Grande São Paulo, maior audiência do SBT até hoje. “Silvio Santos ficou muito emocionado, chegamos a vê-lo chorar de emoção. Saiu lágrimas dos olhos dele”, relembra Patrícia Coelho, que ficou em quarto lugar. Diante do grande sucesso da primeira leva, o que se viu foi uma verdadeira guerra entre a Globo e o SBT, com vários capítulos. A Globo acusou a emissora de Silvio Santos de fazer um plágio sensacionalista de Big Brother, formato por ela adquirido e que fora criado pela holandesa Endemol em 1999. A mídia divulgou que Silvio Santos chegou a negociar a compra de Big Brother e, segundo a Globo, obteve documentos que mostravam como produzir a atração. (Foto: Divulgação) O SBT fez mais três edições da “Casa dos Artistas”, desta vez na sede da emissora (a casa original existe até hoje). Rafael Vannucci, filho da cantora Vanusa, levou a segunda, em 2002. No mesmo ano, a terceira “Casa”, com famosos e seus fãs, foi vencida por Sérgio Paiva, admirador de Solange Frazão. Em 2004, Carol Hubner ganhou a “Casa dos Artistas 4: Protagonistas de Novela”. A Globo e a Endemol entraram na Justiça contra o SBT e retiraram a atração do ar por meio de uma liminar. Em 2010, quase dez anos depois da exibição da primeira edição, a Justiça considerou a “Casa dos Artistas” plágio de “Big Brother Brasil”.

Aloizio Júnior